Diferente das outras bienais de arte de São Paulo, esta
edição não quer chamar a atenção pela curadoria inusitada, ou mesmo pela
crítica sobre o momento histórico/artístico atual: ela quer celebrar! E sem
querer ser “piegas”, nessa celebração, quem ganha é o espectador! O LIS visitou
os três andares do emblemático edifício de Niemeyer e não se arrependeu com o
que viu.
Na verdade o pavimento térreo é totalmente dedicado ao setor
educativo da Bienal, e a presença de crianças e jovens aponta para a retomada
do papel de uma mostra artística, em construir uma geração de formadores de
opinião e apreciadores de arte: ponto positivo! Contudo, estas atividades são
restritas e nem sempre todo mundo é convidado a participar: ponto negativo
(porque nós não fomos)! Mas, a coleção apresentada no segundo e no terceiro
andar supera qualquer trauma.
Acho que o roteiro mais coerente é subir ao terceiro e vir
descendo. Logo na chegada deste pavimento – acessado pelas rampas – temos os
trinta cartazes das bienais de São Paulo, cuja qualidade estética vira objeto
de desejo de qualquer amante de cartazes. Na sequencia, caminhando por estes
andares podemos conhecer inúmeras obras de artistas brasileiros que estiveram
presente nas mostras anteriores. Fotos imensas em PB servem também como
referencias para entendermos a simplicidade das primeiras bienais e a
complexidade com que se tornou este evento. Além disso, conhecendo o ano da
produção de cada obra, podemos reconhecer o cenário histórico reinante no
momento da fabricação de determinado trabalho, e infelizmente refletir a
“pobreza” de nossa produção tão distante da realidade de nosso pais... Talvez
pelo atraso na nossa educação ou pela necessidade do artista em ser aceito no
circuito internacional, o que importa é que os artistas das primeiras bienais
estavam muito mais comprometidos em “fazer barulho” com sua arte.
O segundo pavimento apresenta trabalhos mais recentes, sejam
de artistas brasileiros ou estrangeiros. Na maioria temos obras que retratam o
pensamento no homem contemporâneo ao ano de produção, seja por um apelo
comercial ou pela fotografia de uma civilização. Aquelas instalações
interessantíssimas (que criavam inúmeros pontos de interrogações na cabeça dos
visitantes) ou aqueles vídeos com cenas variadas quase não existem. A Bienal
deste ano está mais comportada, mas não deixa de manter seu valor como
excelente roteiro para ampliação de repertório artístico.
Por Fabrício Forg
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